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A FICTÍCIA SAÚDE DOS PALANQUES ELEITORAIS

A situação da saúde pública no Brasil é caótica. A insuficiência de recursos para o adequado custeio do SUS, principalmente por parte do governo federal, é a principal causa do sucateamento das estruturas de atendimento em todo o país. Em que pese que em alguns setores da alta complexidade o atendimento e o fornecimento de medicamentos e serviços funcionam de maneira adequada, na baixa e média complexidade falta de tudo, principalmente condições de ACESSO do cidadão aos recursos de atendimento e tratamento. Essa realidade brasileira “padrão” recebe as nuances de cada estado brasileiro, na medida dos recursos estaduais e das vontades políticas.
Santa Catarina também já esteve melhor em termos de saúde pública. Sentimos vontade política na gestão da atual Secretária de Estado da Saúde e sua Superintendência Hospitalar, mas ainda vivemos grandes conflitos nos hospitais da administração direta do estado, principalmente na questão das Organizações Sociais e na reestruturação da capacidade instalada dos hospitais públicos.
Vemos, em todos os momentos eleitorais, a saúde como tema de promessas e apelos junto aos eleitores, mas na prática os governos que se sucedem voltam à mesma prática de loteamento dos cargos de confiança para atender aos acordos e alianças interpartidários. E com isso as promessas não são cumpridas e a capacidade instalada da rede hospitalar pública deteriora enquanto o custo da medicina encarece.
Para agravar esse retrato, não se vê economia nos gastos com propaganda, por parte do governo, a cada implemento feito na saúde.
Que candidato ao governo do estado abraçaria a ideia de gastar com saúde o dinheiro que gasta com propaganda? Em que medida o questionamento desses conceitos por parte do Tribunal de Contas e do Ministério Público impactaria na situação real de prestação de saúde aos cidadãos catarinenses? São perguntas reentrantes para quem trabalha na saúde.
Precisamos com urgência revitalizar a estrutura hospitalar que já existe em Santa Catarina, bem antes de construir hospitais novos. Precisamos soluções compartilhadas para a grave situação de subsistência dos hospitais filantrópicos no estado, que prestam atendimento ao SUS com medicina de 2014 mas recebem por uma tabela de 20 anos atrás. Precisamos de carreira de estado para os profissionais da saúde e precisamos aparelhar os centros de saúde regionais para acabar com o desfile de ambulâncias em nossas estradas. Temos um panorama de judicialização de medicamentos e serviços de alto custo que está engolindo a parca verba estadual para a saúde da população e muitas vezes, nessa seara, vemos contemplados direitos individuais em detrimento do direito coletivo.
Não é simples a missão de gerenciar a saúde, e não podem ser simplistas as soluções prometidas. Cabe ao cidadão e às entidades representativas de classe efetivamente cobrar mais do poder público e fazer valer o que se promete em campanha. Caso contrário, continuaremos assistindo a mistanásia (morte por impossibilidade de acesso ao recurso) vez por outra nas manchetes dos nossos jornais.
Aguinel José Bastian Júnior
Presidente da ACM
Coordenador do COSEMESC
A ficticia saúde dos palanques eleitoais
Fonte: DESTAQUE
NOTÍCIAS DO DIA – ARTIGO
Mídia Impressa (01/10/2014)

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